Com um toque surrealista Elsa Schiaparelli escreveu na história da moda seu legado sonhador. Sendo a contramão da mulher Chanel – clássica de tons sóbrios – Schiap, como era apelidada, dava asas às fantasias de mulheres do mundo todo, que pediam por um impulso de cor e criatividade.
Nascida em Roma em 10 de setembro de 1890, de uma família rica e de estudiosos, cresceu sem grandes limitações e no meio de teóricos. Mostrando desde pequena um temperamento forte e um apreço grande por história antiga, misticismo e mitologia.
Por pressão familiar estudou Filosofia na Universidade de Roma e, nesta época, publicou um livro de poesia erótica sobre Arethusa, ninfa da mitologia grega. O que acabou chocando toda sua família e fazendo com que fosse para um convento na Suíça, estadia que não durou muito, pois declarou greve de fome.
Cansada do limite criativo e da imposição de sua família, decidiu mudar-se em 1913 para Londres, onde conheceu e se casou com Willy de Kerlor em 1914. Em dois anos foram tentar uma nova vida em Nova York, vivendo apenas do dote do casamento que os pais de Elsa pagaram. Lá teve contato com diversos artistas importantes da época. Sua primeira e única filha, Maria Luisa Yvonne, nasceu em 1920 e com pouquíssimos meses de idade tem poliomielite. Mas o casal já não passava por bons momentos, principalmente por problemas financeiros, se divorciaram. Schiap voltou para europa onde os tratamentos para a filha eram mais avançados.
Foi morando na França em 1922 com 32 anos que teve seu primeiro contato com a moda. Conheceu Paul Poiret, um grande estilista da época, que a motivou criar suas próprias peças, pois acreditava em seu potencial e era apaixonado por seu estilo e bom gosto.
Elsa começa então a desenvolver e vender as próprias peças, sua grande guinada foi quando criou um pulôver que tinha uma ilusão de ótica de um laço. E foi com esse efeito “Trompe-l’oeil” (engana o olho) que a estilista vira a sensação do momento, conseguindo vender cada vez mais, até que em 1927 funda sua marca.
Buscando abrir cada vez mais seus leques de criações a designer começa a cocriar junto com diversos artistas, em especial Salvador Dali e Jean Cocteau. Colocando em outro patamar a moda como um meio de expressão de sonhos e desejos.
Brincando muito com o que é moda e o que é arte, Schiap vira um grande sucesso e desperta tanto desejo que sua sensação atravessa o oceano e começa a ser requisitada também nos EUA e no restante do mundo.
Hoje a marca tem como diretor criativo Daniel Roseberry que busca muito em suas origens lá do 20’s para criar uma nova proposta, principalmente no que se diz a respeito de joias.
Com peças estruturas, pérolas barrocas e um toque de ouro antigo, Roseberry desperta os desejos mais latentes do momento. Desejos que pedem por uma outra realidade.
“Nessa temporada eu me encontrei desenhando um look inteiro voltado para uma joia e isso se tornou a linguagem de toda a coleção” Daniel Roseberry uma semana antes do desfile de primavera em 2020.
Foi através dessa linguagem assertiva onde coloca uma joia maximalista e surrealista como centro das atenções que Roseberry colocou a marca de volta aos holofotes.
por Lucas Viceli
arte por Amanda Lima.